Cuaderno de pantalla que empezó a finales de marzo del año 2010, para hablar de poesía, y que luego se fue extendiendo a todo tipo de actividades y situaciones o bien conectadas (manuscritos, investigación, métrica, bibliotecas, archivos, autores...) o bien más alejadas (árboles, viajes, gentes...) Y finalmente, a todo, que para eso se crearon estos cuadernos.

Amigos, colegas, lectores con los que comparto el cuaderno

martes, 16 de noviembre de 2010

Libro de sonetos: "Mañana explicarán toda la muerte..."

mañana explicarán toda la muerte
mañana producirá lunas la tierra
quizá mañana la sabiduría
no basta todavía lo que ha sido

y en todos los lugares donde nada
hubo el vacío engendrará la ausencia
todo terminará por infinito
los trenes que hacia tiempo retroceden

los sonidos empujan de la niebla
la voz de los misterios y es acaso
las luces abandonan las esquinas

y que más da regresan y regresan
en las manos no cabe ya el silencio
versos absurdos y palabras huecas

2 comentarios:

  1. Y qué le importa a usted y a mí. Mañana no estaremos por aquí, vivamos al día...aunque no sea lo que queramos.

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  2. VASCO GRAÇA MOURA (II)

    soneto do amor e da morte

    quando eu morrer murmura esta canção
    que escrevo para ti. quando eu morrer
    fica junto de mim, não queiras ver
    as aves pardas do anoitecer
    a revoar na minha solidão.

    quando eu morrer segura a minha mão,
    põe os olhos nos meus se puder ser,
    se inda neles a luz esmorecer,
    e diz do nosso amor como se não

    tivesse de acabar, sempre a doer,
    sempre a doer de tanta perfeição
    que ao deixar de bater-me o coração
    fique por nós o teu inda a bater,
    quando eu morrer segura a minha mão.

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    o suporte da música

    o suporte da música pode ser a relação
    entre um homem e uma mulher, a pauta
    dos seus gestos tocando-se, ou dos seus
    olhares encontrando-se, ou das suas

    vogais adivinhando-se abertas e recíprocas,
    ou dos seus obscuros sinais de entendimento,
    crescendo como trepadeiras entre eles.
    o suporte da música pode ser uma apetência

    dos seus ouvidos e do olfacto, de tudo o que se
    ramifica entre os timbres, os perfumes,
    mas é também um ritmo interior, uma parcela
    do cosmos, e eles sabem-no, perpassando

    por uns frágeis momentos, concentrado
    num ponto minúsculo, intensamente luminoso,
    que a música, desvendando-se, desdobra,
    entre conhecimento e cúmplice harmonia.

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