Mientras cantaba madrigales de Guarini, semillas trajo el peregrino, cansado de vez en cuando por extraña fatiga que produce el siroco; y hoy al escuchar RNE me han regalado con unos cuantos madrigales mañaneros, sobre las modalidades del beso, del propio Guarini (aunque creo que el locutor no detectaba que se trataba de variaciones sobre un tema de Catulo). Pondré esas semillas, resguardadas del frío, en las poyatas de las ventanas... ¿Crecerán esos enormes ficus sobre la ropa tendida del patio de vecinos? Si así lo hicieran, me llevaré como crisálidas vegetales los brotes a mi terruño gallego, para que vean de verdad lo que es una tempestad. La doble ilustración es para que se aprecie el tamaño de la berenjena "tunecina" (me compré una), que voy a cocinar con amor este fin de semana.
No le vendría mal a mi biblioteca que le creciera una dracaenaceae, como la "Nolina recurvata", originaria de México; o la pinopsida "Podocarpus nerrifolia", que procede del Himalaya y ha ido a a parar a una isla del Mediterráneo. Así es la vida. Fíjense en el que me dio sombra, al final del recorrido, mientras una chinita que pasaba casualmente por allí se brindó a hacerme la foto. Pero todavía no había oído yo los madrigales de Guarini, los de hoy por la mañana, ya en Madrid.
... DE OUTROS "MADRIGAIS" e PEREGRINAÇÕES da ALMA... / Manuel Alegre (Águeda, 1936- )
ResponderEliminarCanção tão simples
Quem poderá domar os cavalos do vento
quem poderá domar este tropel
do pensamento
à flor da pele?
Quem poderá calar a voz do sino triste
que diz por dentro do que não se diz
a fúria em riste
do meu país?
Quem poderá proibir estas letras de chuva
que gota a gota escrevem nas vidraças
pátria viúva
a dor que passa?
Quem poderá prender os dedos farpas
que dentro da canção fazem das brisas
as armas harpas
que são precisas?
"Praça da canção", 1965
N.B. Originalmente interpretado e musicado pelo cantautor Adriano Correia de Oliveira (Avintes, 1942-1982).
Versão rock de "Thecombunist": http://il.youtube.com/watch?v=pjnqvvu5GZA .
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Uma flor de verde pinho
Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.
Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.
Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarra nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.
Não há barco nem trigo não há trevo
não há palavras para dizer esta canção.
Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração
N.B. Vídeo: voz do fadista Carlos do Carmo, música de José Niza (Festival da canção, 1976). Versos iniciais declamados por Manuel Alegre: http://www.youtube.com/watch?v=2zNX6IqTL90&feature=player_embedded .
O título do poema remete para uma conhecida cantiga de amigo "Ai flores, ai flores do verde pino...", de (o rei) Dom Dinis (1261-1325): Cancioneiro da BNP (Colocci-Brancuti), 568; Canc.º da Vaticana, 171.