La Coruña-Madrid vuelo a las veinte
aeropuerto un café solo dos sesenta y cinco
Un refresco sin gas cuatro parecen
los precios altos somos gente rica
que viaja cual sardinas enlatadas
con las rodillas en la frente mientras
se ocupan de romper nuestras maletas
que no deben pasar de veinte quilos
las maletas abiertas una dama
se viste tres bufandas dos jerséis,
guarda en el bolso cuatro libros grandes…
para embarcar en pleno mes de agosto
No hace falta que corra porque el vuelo
se anuncia con dos horas de retraso
(Aeropuerto de la Coruña, 17 de agosto, 2010)
aeropuerto un café solo dos sesenta y cinco
Un refresco sin gas cuatro parecen
los precios altos somos gente rica
que viaja cual sardinas enlatadas
con las rodillas en la frente mientras
se ocupan de romper nuestras maletas
que no deben pasar de veinte quilos
las maletas abiertas una dama
se viste tres bufandas dos jerséis,
guarda en el bolso cuatro libros grandes…
para embarcar en pleno mes de agosto
No hace falta que corra porque el vuelo
se anuncia con dos horas de retraso
(Aeropuerto de la Coruña, 17 de agosto, 2010)
Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 1919-2004)
ResponderEliminarBREVE ENCONTRO
Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida.
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POEMA
A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita
Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará
Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento
A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto
Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento
E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada
In "Geografia"
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MEDITAÇÃO DO DUQUE DE GANDIA SOBRE A MORTE DE ISABEL DE PORTUGAL
Nunca mais
A tua face será pura, limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.
Nunca mais amarei quem possa viver
Sempre.
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser,
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência,
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.
Nunca mais servirei Senhor que possa morrer.
In “Mar novo”
[Recuerdando una certa pintura del Prado: http://www.museodelprado.es/coleccion/galeria-on-line/galeria-on-line/obra/conversion-del-duque-de-gandia/]
Muchas gracias, Sophia... Las indicaciones son preciosas y las iré recogiendo.
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