Cuaderno de pantalla que empezó a finales de marzo del año 2010, para hablar de poesía, y que luego se fue extendiendo a todo tipo de actividades y situaciones o bien conectadas (manuscritos, investigación, métrica, bibliotecas, archivos, autores...) o bien más alejadas (árboles, viajes, gentes...) Y finalmente, a todo, que para eso se crearon estos cuadernos.

Amigos, colegas, lectores con los que comparto el cuaderno

domingo, 12 de septiembre de 2010

Es el silencio...

A J. D. C. 

Es el silencio de la lejanía
imperturbable lo que sobrecoge
cuando intentamos hasta la fatiga
imaginarnos lo desconocido,

mientras que todo lo que nos rodea
insiste en su materia permanente,
día tras día ocupa la mirada
y está sin más que ser y dar su luz,

irradiando presencia incomprensible
en tanto que esperamos vagamente
algún descubrimiento misterioso

que pueda resolver esta tristeza
de seres pensativos que no alcanzan
a entender la razón de su existencia.



2 comentarios:

  1. ... A PROPÓSITO DO SILÊNCIO, DA DISTÂNCIA E DO TEMPO...


    Sei medir hoje, enfim, com muito mais rigor, a força da distância.
    Sei decompô-la em tempo, espaço, velocidade e som.

    Revendo-te, sereno, é de tal forma denso o teu volume
    e natural o teu contorno exacto e fino
    que dir-se-ia não haver sequer
    um tempo em que me fiz a recordar-te.
    Entre os pólos da distância retenho tão-somente a ponte,
    quero dizer, a velocidade.
    Das viagens não conservo uma noção que exceda um breve
    sono, sonho, lapso de altura, vertical perfil.

    Vou arriscar uma noção de ausência a elaborar humilde
    na hora
    do encontro/reencontro.
    Imponho a tela crua que teci distante
    (e que transporto do país do sono)
    a forma testemunho da memória.
    A minha percepção faz-se madura.

    Retenho a sombra, apenas, do que — revisto ou novo —
    adrega preservar a virgindade
    e a febre do contorno a sua audácia.
    Renovo a nitidez das referências.

    A vaga geografia das ausências imponho uma paisagem
    reassumida, renovada de ardor e nitidez amável.

    Adquiro assim um depurado entendimento do que é posse.

    Tenho também que o meu crescer se faz
    de cinza acumulada pelos regressos —

    uma brancura donde emerge opaca
    a medular estrutura da paisagem.

    Não nos separa espaço, nem distância ou tempo.
    Entre nós dois
    apenas o painel da mais recente ausência
    aberto para os sinais
    do encontro a conquistar.
    Não mais do que a distância de um parágrafo.

    E a ponte, a velocidade.



    Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010), de "Diogo Cão às portas do Zaire"

    ResponderEliminar