Cuaderno de pantalla que empezó a finales de marzo del año 2010, para hablar de poesía, y que luego se fue extendiendo a todo tipo de actividades y situaciones o bien conectadas (manuscritos, investigación, métrica, bibliotecas, archivos, autores...) o bien más alejadas (árboles, viajes, gentes...) Y finalmente, a todo, que para eso se crearon estos cuadernos.

Amigos, colegas, lectores con los que comparto el cuaderno

jueves, 30 de septiembre de 2010

"Si me tocan tus manos de azucena..."

si me tocan tus manos     de azucena
te compro un cascabel de mandolinas
me olvido   del orgullo y de la pena
y todo lo demás     ya     son pamplinas

líbrate de vergüenza       esa cadena
que cosas del amor   hace mezquinas
dame tus labios      y tu boca llena
un beso en la nariz      luego te inclinas...

adonde voy     no existe más que    entonces
no se sabe de pena      ni templanza
fuego     seda     humedad     temblor     ceguera
a un animal     que ya no piensa      alcanza

animales perdidos      barro     ce
de el verso      el cuerpo cede    el tiempo avanza

1 comentario:

  1. "ESTOU VIVO E ESCREVO SOL" / António Ramos Rosa (Faro, 1924- )


    A noite chega com todos os seus rebanhos...

    A noite chega com todos os seus rebanhos
    Uma cidade amadurece nas vertentes do crepúsculo
    Há um íman que nos atrai para o interior da montanha.
    Os navios deslizam nos estuários do vento.
    Alguma coisa ascende de uma região negra.
    Alguém escreve sobre os espelhos da sombra.
    A passageira da noite vacila como um ser silencioso.
    O último pássaro calou-se. As estrelas acenderam-se.
    As ondas adormeceram com as cores e as imagens.
    As portas subterrâneas têm perfumes silvestres.
    Que sedosa e fluida é a água desta noite!
    Dir-se-ia que as pedras entendem os meus passos.
    Alguém me habita como uma árvore ou um planeta.
    Estou perto e estou longe no coração do mundo.


    In "A Rosa Esquerda"(1991)

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    Estou vivo e escrevo sol

    Eu escrevo versos ao meio-dia
    e a morte ao sol é uma cabeleira
    que passa em fios frescos sobre a minha cara de vivo
    Estou vivo e escrevo sol

    Se as minhas lágrimas e os meus dentes cantam
    no vazio fresco
    é porque aboli todas as mentiras
    e não sou mais que este momento puro
    a coincidência perfeita
    no acto de escrever e sol

    A vertigem única da verdade em riste
    a nulidade de todas as próximas paragens
    navego para o cimo
    tombo na claridade simples
    e os objectos atiram suas faces
    e na minha língua o sol trepida

    Melhor que beber vinho é mais claro
    ser no olhar o próprio olhar
    a maraviha é este espaço aberto
    a rua
    um grito
    a grande toalha do silêncio verde

    In "Estou vivo e escrevo sol" (1966)

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