Que quiten el temor, el de los viernes,
que inventen aspirinas de cansancio,
que se haga gomaespuma de los sueños
y la pena partirse pueda en cachos;
que se almacenen los amores viejos
en algún servidor de google rápido
y en un pen draive que se cuelga al cuello
se recobren sin más de vez en cuando.
Y que se invente con urgencia, pido,
un final como dios manda, sensato,
tras una puerta de tirabuzones,
sin boleros, sin guerras y sin tangos.
Y que todo esto sea pronto, porfi;
porque esta vida nos está matando.
Hablando de rutinas y del día a día te quedan estupendos tus sonetos primitivos.
ResponderEliminar... LUSOFONIAS -- Mia Couto (Beira, Moçambique, 1955- )...
ResponderEliminarSolidão
Aproximo-me da noite
o silêncio abre os seus panos escuros
e as coisas escorrem
por óleo frio e espesso
Esta deveria ser a hora
em que me recolheria
como um poente
no bater do teu peito
mas a solidão
entra pelos meus vidros
e nas suas enlutadas mãos
solto o meu delírio
É então que surges
com teus passos de menina
os teus sonhos arrumados
como duas tranças nas tuas costas
guiando-me por corredores infinitos
e regressando aos espelhos
onde a vida te encarou
Mas os ruídos da noite
trazem a sua esponja silenciosa
e sem luz e sem tinta
o meu sonho resigna
Longe
os homens afundam-se
com o caju que fermenta
e a onda da madrugada
demora-se de encontro
às rochas do tempo
Mia Couto, in "Raiz de orvalho e outros poemas"
Sofia, tu seleccion de poemas es explendida.
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